quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

:. Quem é Fuco Gomes?



Jornalista, escritor, intelectual, académico, político revolucionário de convicçons socialistas... Som multiplas as faces do que é considerado fundador do independentismo galego.


Fuco Gomes foi sem dúvida nengumha um homem de ideias avançadas para o tempo que lhe tocou viver. Oriundo da comarca montanhosa dos Ancares, nasceu a 9 de Julho de 1895 na paróquia de Ouselhe, concelho de Bezerreá. O seu inconformismo vem de velho. Em criança escolhe o caminho da emigraçom como tant@s outr@s galeg@s daqueles tempos e embarca como polisom rumo a Cuba. Lá este rapazinho de origem campesina sácia as suas ánsias de aprendizagem cumha meritória formaçom basicamente autodidacta. Esta teima pola aquisiçom de conhecimentos acabará por dar os seus frutos com a publicaçom de cerca de cincuenta obras ao longo da sua vida.

A finais da primeira década do recém estreado século XX, Fuco integra-se na colectividade galega de Havana e inicia umha fecunda carreira como jornalista. Galicia, Heraldo de Galicia, Ecos de Galicia som algumhas das publicaçons que contariam com a criativa pena do ancarao.

As suas inquietudes e o seu espírito inconformista converterám-no aginha num dos principais dinamizadores da colónia galega de Cuba, umha das mais numerosas do continente americano e que podia presumir de ter contando entre as suas fileiras com homens egrégios da importácia de Curros Henriques, Castro Chané, Fontenla Leal ou Nam de Alhariz.

Se a sua marcha da Terra foi prematura o seu reencontro com ela nom podia tam-pouco demorar. Fuco estará ligado já desde novinho com os primeiros grupos nacionalistas surgidos na ilha dos Caraíbas. Irmandade Galega de Havana, Partido Autonomista Galego e em 1920 a Juntança Nacionalista Galega de Havana na qual será eleito vice-conselheiro segundo e que contará com o vozeiro Nós, integramente escrito em língua galega, e com o jornal Tierra Gallega, chefiado por Fuco Gomes, como ferramentas comunicativas.

Em 1921 dá um passo à frente na sua tomada de consciência nacional e funda o Comité Revolucionário Arredista Galego, primeira organizaçom que reclama a independência da Galiza.
Sob a legenda Independência ou morte o Comité tirará do prelo o primeiro manifesto político pola soberania plena da história da Galiza.

Fuco e os seus companheiros e companheiras independentistas, por entom conhecidos como arredistas para se distinguirem do nacionalismo autonomista, trabalharám arduamente para alastrarem os comités independentistas polas distintas comunidades de emigrantes galegos existentes no continente americano. A sua ideia era conformar sociedades sémi-clandestinas semelhantes às que tinha o nacionalismo irlandês em E.U.A que dessem convertura ao movimento emancipador galego.

O independentismo abandeirado polo jornalista de Ouselhe terá umha grande receptividade em certos sectores nacionalistas de Buenos Aires como a Agrupaçom Cultural Galega A Terra e posteriormente a Sociedade Nacionalista Pondal.

O seu trabalho como jornalista permitiu-lhe cultivar numerosas relaçons com intelectuais e simpatizantes da causa galega e com personalidades da política internacional. Exemplo disto será o seu encontro com o político catalám Francesc Maciá. Durante umha entrevista realizada em Havana, Maciá coincidirá com o independentista galego na necessidade de derrubar a ditadura espanhola de Primo de Rivera e declarar em cada umha das naçons a independência nacional.

A cada vez mais intensa conscientizaçom da opressom nacional que sofria a Galiza e o seu profundo compromisso com a libertaçom nacional do nosso povo levarám-no a trabalhar intensamente pola sua superaçom. Resultado deste trabalho será a redacçom de um anteprojecto de Constituiçom para Galiza, o desenho de umha proposta de bandeira e de um hino nacionais ou as numerosas obras e artigos em que reflecte sobre a situaçom política, lingüístico-cultural ou social do nosso país.

Porém, a sua dedicaçom altruista nom foi apenas a nível teórico. A instauraçom da II República espanhola levará o revolucionário galego a lobregar a possibilidade da articulaçom de um movimento independentista e socialista na nossa naçom. De facto em 1931 alguns imigrantes da argentina encabeçados por Campos Couceiro, membro da Federaçom de Sociedades Galegas de Buenos Aires, aproveitam umha greve geral em protesto pola suspensom das obras do caminho-de-ferro para declararem um Estado galego independente, tal e como tentaram fazer sectores independentistas na Catalunha pouco antes. A iniciativa é bem acolhida entre @s grevistas que constituem umha Junta Revolucionária em Compostela e elegem Alonso Rios presidente. Comunistas e nacionalistas da emigraçom apoiam activamente este decissom. Por enquanto, Alonso Rios chama a fazer a revoluçom na rua e Campos couceiro a atingir revolucionariamente a liberdade como Portugal. Nom obstante, o frasso final da intentona mergulharám Fuco Gomes num intenso confronto com os sectores mais autonomistas do galeguismo político. O revolucionário dos Ancares acusa-os de nom serem patriotas consequentes. Estes factos e o posterior alçamento fascista do 36 acabarám com o sonho de liberdade de umha geraçom de independentistas galegos que tivêrom em Fuco Gomes um dos seus máximos expoentes.

Académico Honoris Causa da Academia Universal de Humanidades de Buenos Aires, membro de Honra da Universidade Sintética de El Salvador, dirigirá na sua volta a Cuba a revista Patria Gallega. Publicaçom mensal de teor nacionalista que terá umha dilatada existência ao ser publicada desde Dezembro de 1941 até 1960.

Falece aos 77 anos de idade um 9 de Janeiro de 1972 na cidade de Havana onde sim já tinham triunfado as ideias políticas do político bezerrense: Independência e Socialismo.

Hoje na Galiza do século XXI o pouso deixado por Fuco Gomes, o seu espírito de sacrifício, o seu optimismo revolucionário, os seus fôlegos inesgotáveis, continuam presentes nas novas geraçons de galegos e galegas que luitamos dia a dia por essa Galiza ceive tintada de vermelho pola que luitou Fuco.